quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Glossário Palavras de origem Africana

Abadá - Túnica branca.

Acarajé - Prato típico da cozinha Afro-brasileira. Bolinho de feijão frito no azeite de dendê.

Afoxé - Ritmo afro do carnaval.

Agogô - Instrumento musical.

Atabaque - Tambores primários feitos com peles de animais.

Axé - Energia vital, sagrada, do orixá. A força que está nos elementos da natureza, como animais, plantas, sementes e outros.

Bambá - Dança dos negros africanos, em circulo de homens e mulheres que cantam o estribilho: " Bambá, sinhá bambá, querê! ". Ao som das palmas cadenciadas , em aplauso a um ou dois dançarinos.

Batuque- s.m.Ato de batucar. Nome geral que se dá a todas as danças acompanhadas por instrumentos de percussão. Inicialmente, o batuque era uma dança de origem africana, com palmas e sapateado, em que se formava uma roda com um solista no centro. Os solistas convidavam seus substitutos por meio de uma umbigada.

Bem-Casados - Nome de um biscoito. Veio da África Ocidental.

Bobó - Comida Afro-brasileira. A base de camarão e aipim.

Cafuné - Ato de coçar a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para fazê-lo adormecer.

Dendê - Fruto do dendezeiro (palmeira). 0 azeite a indispensável na culinária afro-brasileira.

Farofa - Prato feito com farinha de mandioca torrada ou escaldada na gordura, a que às vezes se acrescentam ovos, carne, torresmo etc. Bazófia, fanfarronice.
Conversa fiada, palavreado vazio.

Gorila - Macaco antropóide da África equatorial, frugívoro e feroz. Chega a atingir 2m de altura e a pesar 250kg, e é o mais forte de todos os macacos.

Feitiçaria - É o nome genérico para designar todas as praticas de magia
popular.

Ginga - Espécie de remo que faz mover a embarcação, apoiado num encaixe na popa.
Movimentos contorcidos e meio desordenados, típicos dos malandros; ação de gingar.

Mandinga - Feitiço, despacho, mau-olhado. Os negros mandingas eram tidos com o feiticeiros incorrigíveis dos vales do Senegal e do Níger.

Vatapá - Tradicional prato da cozinha afro-brasileira.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Racismo

Verissimo denunciou em crônica. Mais de trinta anos depois, pouco mudou.

Racismo (14/5/75)
Luis Fernando Verissimo

- Escuta aqui, ó criolo...

- O que foi?

- Você andou dizendo por aí que no Brasil existe racismo.

- E não existe?

- Isso é negrice sua. E eu que sempre te considerei um negro de alma branca... É, não adianta. Negro quando não faz na entrada...

- Mas aqui existe racismo.

- Existe nada. Vocês têm toda a liberdade, têm tudo o que gostam. Têm carnaval, têm futebol, têm melancia... E emprego é o que não falta. Lá em casa, por exemplo, estão precisando de empregada. Pra ser lixeiro, pra abrir buraco, ninguém se habilita.

Agora, pra uma cachacinha e um baile estão sempre prontos. Raça de safados! E ainda se queixam!

- Eu insisto, aqui tem racismo.

- Então prova, Beiçola. Prova. Eu alguma vez te virei a cara? Naquela vez que te encontrei conversando com a minha irmã, não te pedi com toda a educação que não aparecesse mais na nossa rua? Hein, tição? Quem apanhou de toda a família foi a minha irmã. Vais dizer que nós temos preconceito contra branco?

- Não, mas...

- Eu expliquei lá em casa que você não fez por mal, que não tinha confundido a menina com alguma empregadoza de cabelo ruim, não, que foi só um engano porque negro é burro mesmo. Fui teu amigão. Isso é racismo?

- Eu sei, mas...

- Onde é que está o racismo, então? Fala, Macaco.

- É que outro dia eu quis entrar de sócio num clube e não me deixaram.

- Bom, mas pera um pouquinho. Aí também já é demais. Vocês não têm clubes de vocês? Vão querer entrar nos nossos também? Pera um pouquinho.

- Mas isso é racismo.

- Racismo coisa nenhuma! Racismo é quando a gente faz diferença entre as pessoas por causa da cor da pele, como nos Estados Unidos. É uma coisa completamente diferente. Nós estamos falando do crioléu começar a freqüentar clube de branco, assim sem mais nem menos. Nadar na mesma piscina e tudo.

- Sim, mas...

- Não senhor. Eu, por acaso, quero entrar nos clubes de vocês? Deus me livre.

- Pois é, mas...

- Não, tem paciência. Eu não faço diferença entre negro e branco, pra mim é tudo igual. Agora, eles lá e eu aqui. Quer dizer, há um limite.

- Pois então. O ...

- Você precisa aprender qual é o seu lugar, só isso.

- Mas...

- E digo mais. É por isso que não existe racismo no Brasil. Porque aqui o negro conhece o lugar dele.

- É, mas...

- E enquanto o negro conhecer o lugar dele, nunca vai haver racismo no Brasil. Está entendendo? Nunca. Aqui existe o diálogo.

- Sim, mas...

- E agora chega, você está ficando impertinente. Bate um samba aí que é isso que tu faz bem.

Racismo é burrice



Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.                                                                                 (Gabriel, O pensador)